Como crenças centrais moldam nossa identidade e como a TCC pode ajudar a ressignificar a forma como nos percebemos.
Introdução
Nossa identidade não é formada da noite para o dia. Ela é construída a partir de experiências, interações e narrativas que internalizamos ao longo da vida.
Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), um dos conceitos mais importantes para entender essa construção são as crenças centrais, que funcionam como o núcleo da nossa visão sobre nós mesmos, os outros e o mundo.
Quando essas crenças são disfuncionais, podem gerar sofrimento emocional profundo e impactar diretamente a autoestima, os relacionamentos e a forma como reagimos aos desafios da vida.
O que são Crenças Centrais
As crenças centrais são ideias profundas e arraigadas, formadas principalmente na infância, a partir de experiências significativas com cuidadores, ambiente social e eventos marcantes.
Elas influenciam diretamente nossos pensamentos automáticos, emoções e comportamentos. Quando negativas, podem levar a padrões autodestrutivos e manutenção de transtornos emocionais.
Tipos de Crenças Centrais
Existem três grandes categorias de crenças centrais negativas que aparecem com frequência na prática clínica:
- Desamor: “Eu sou indigno de amor”, “Eu sou defeituoso”.
- Desamparo: “Eu sou incapaz”, “Eu sou impotente diante da vida”.
- Desvalor: “Eu sou inútil”, “Eu não tenho valor”.
Identificar a categoria predominante ajuda o terapeuta a direcionar intervenções mais precisas.
Como as Crenças se Formam
As crenças centrais são moldadas a partir de experiências repetitivas, especialmente na infância, e se fortalecem quando confirmadas por eventos semelhantes ao longo do tempo.
- Mensagens recebidas de pais, professores e figuras de autoridade.
- Experiências de rejeição, abandono ou crítica intensa.
- Traumas ou situações de perda significativa.
Com o tempo, essas crenças se tornam “verdades absolutas” para a pessoa, influenciando a identidade e a forma de interpretar o mundo.
Impacto das Crenças na Identidade
Quando crenças centrais negativas dominam, a identidade da pessoa pode se tornar limitada e distorcida.
Por exemplo, alguém que internalizou a crença “Eu sou inadequado” pode interpretar qualquer feedback neutro como crítica, reforçando sentimentos de vergonha e ansiedade.
Ressignificando o “Eu”
O trabalho terapêutico com crenças centrais envolve identificar, questionar e reformular essas ideias profundas.
- Identificar: perceber padrões de pensamento que indicam crenças negativas.
- Questionar: avaliar evidências a favor e contra a crença.
- Reformular: construir uma visão mais equilibrada e funcional de si mesmo.
Esse processo permite que a pessoa se reconecte com uma identidade mais autêntica e saudável.
Técnicas da TCC para Trabalhar Crenças
Algumas técnicas comuns incluem:
- Diálogo Socrático: perguntas guiadas para desafiar crenças rígidas.
- Experimentos Comportamentais: testar na prática novas formas de pensar.
- Reestruturação Cognitiva: identificar e modificar distorções cognitivas.
- Cartas Terapêuticas: escrever para integrar novas narrativas pessoais.
Conclusão
Trabalhar crenças centrais é um processo profundo que exige tempo, dedicação e uma relação terapêutica segura.
Ao ressignificar crenças disfuncionais, a pessoa não apenas diminui seu sofrimento emocional, mas também constrói uma identidade mais livre, autêntica e resiliente.
Referências
- Beck, J. S. (2020). Terapia Cognitiva: Teoria e Prática. Artmed.
- Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2019). Terapia do Esquema. Artmed.
- Padesky, C., & Greenberger, D. (1995). Mind Over Mood. Guilford Press.
- Beck, A. T., et al. (1997). Terapia Cognitiva da Depressão. Artes Médicas.
Essas obras oferecem fundamentos teóricos e práticos para compreensão e intervenção em crenças centrais na TCC.

PSICÓLOGA E PSICOTERAPEUTA
– Pós-graduanda em Neuropsicologia – CBI of Miami
– Pós-graduanda em Hipnose Clínica – Instituto Lucas Naves
– Formação em Hipnoterapia – Instituto Brasileiro de Hipnose (IBH)
– Formação em Terapia dos Esquemas
– Formação em Terapia Trauma-Informed
– Supervisora de casos clínicos com foco em Terapia Cognitivo-Comportamental
– Atuação com ênfase em Neurociência Clínica aplicada à prática terapêutica
– Palestrante e escritora na área de saúde mental
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