A Inteligência Artificial (IA) está presente em diversas áreas da saúde — e na psicologia, seu uso requer atenção redobrada a aspectos éticos, técnicos e legais. Não se trata de proibir a tecnologia, mas de integrá-la com responsabilidade clínica e base nas diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).
1. O problema não é a IA — é o uso sem critério clínico
Ferramentas baseadas em IA não são antiéticas por natureza. Tornam-se um problema quando são usadas sem supervisão técnica ou fora do escopo profissional:
- Utilização sem compreensão dos riscos à privacidade e à autonomia do paciente.
- Assunção de tarefas que cabem exclusivamente ao psicólogo (como diagnóstico clínico).
- Confusão entre auxílio digital e substituição do raciocínio clínico.
2. Sigilo, consentimento e LGPD: fundamentos inegociáveis
De acordo com a Resolução CFP nº 11/2018 (sobre documentos psicológicos) e com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), toda ferramenta digital usada em contexto clínico deve:
- Garantir sigilo absoluto sobre os dados do paciente.
- Armazenar as informações com criptografia e rastreabilidade de acesso.
- Obter consentimento livre, informado e registrado antes do uso.
3. Chatbots e triagens automatizadas: até onde dá para ir?
Recursos como chatbots e triagens baseadas em IA podem ser úteis, desde que aplicados com limites claros:
- Chatbots são ferramentas de acolhimento inicial, mas não substituem escuta clínica.
- Triagens automatizadas ajudam a organizar prioridades, mas não fazem diagnóstico.
- Relatórios gerados por IA precisam de revisão profissional e contextualização.
4. Transparência é dever clínico
Segundo o Código de Ética Profissional do Psicólogo (Resolução CFP nº 010/2005), o paciente tem o direito de saber:
- Quando está interagindo com uma ferramenta digital automatizada.
- Quais dados estão sendo coletados e para que finalidade.
- Que o profissional continua no comando clínico e decisório.
Conclusão
O uso ético da IA na psicologia depende de conhecimento técnico, responsabilidade legal e compromisso com o ser humano. A tecnologia é bem-vinda — desde que esteja a serviço do cuidado, e não como substituta dele.
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PSICÓLOGO E PSICOTERAPEUTA
– Formação Psicologia PUC/SÃO PAULO – CRP 06/37062
– Pós Graduação – Saúde Mental na Atenção Primária em Saúde – Fac. Albert Einstein
– Avaliação Multidimensional Cognitivo e Emocional da Pessoa Idosa ( AMPI )
– Fronteiras do Envelhecimento – Fac. Albert Einstein
– Neuropsicologia da Memória – Fac. Albert Einstein
– Associação ABEPS – Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio