Neutralidade ética: cuidado, não distanciamento
A ética na psicologia, conforme o Código de Ética do CFP (2005), estabelece princípios de sigilo, respeito, autonomia e responsabilidade. Neutralidade não é indiferença: é a capacidade de manter postura profissional sem impor valores, preservando o vínculo e a autonomia do paciente. Na TCC, essa neutralidade é operacionalizada com colaboração, transparência e psicoeducação.
Aliança terapêutica: evidência e impacto
Revisões e metanálises indicam a aliança terapêutica como um dos melhores preditores de desfecho em psicoterapia. Em TCC, a aliança sustenta a adesão às tarefas e a aceitação de hipóteses colaborativas.
- Objetivos compartilhados e monitorados ao longo do processo.
- Vínculo de confiança com validação empática consistente.
- Tarefas acordadas (agenda da sessão, HAs) com revisão de barreiras.
Leitura essencial: Norcross & Wampold (2011); Beck, J. (2020).
Na prática da TCC: operacionalizando o vínculo
Contrato terapêutico claro
- Objetivos, papéis e limites do atendimento.
- Formato das sessões, uso de registros e HAs.
- Explicitação do sigilo e exceções legais.
Colaboração guiada
- Agenda conjunta da sessão; checagem de expectativas.
- Formulação em linguagem acessível e acordada.
- Feedback sistemático (fim de sessão/escala breve).
Rupturas e reparo da aliança
Rupturas podem ser de afastamento (evitação, concordância superficial) ou de confronto (questionamentos diretos, aumento de tensão). O reparo exige nomear o que ocorreu e reconstruir significados.
- Sinais de alerta: queda na adesão, cancelamentos, respostas monossilábicas, discordâncias não trabalhadas.
- Intervenções de reparo: metacomunicação, validação, renegociação de objetivos/tarefas.
Perguntas de checagem rápida (uso clínico)
- “O quanto os objetivos de hoje fazem sentido para você?”
- “Teve algo nesta sessão que não caiu bem? Podemos ajustar?”
- “As tarefas combinadas estão viáveis? O que atrapalhou?”
Documentação e ética aplicada
Registros e documentos devem seguir a Resolução CFP nº 11/2018: clareza, finalidade técnica e proteção de dados. Em ambiente digital, respeitar LGPD (consentimento, minimização, controle de acesso).
Boas práticas
- Consentimento livre e informado registrado.
- Prontuário com versão e trilha de alterações.
- Uso de linguagem técnica, sem julgamentos.
Evite
- Copiar mensagens/áudios sem contexto e finalidade.
- Diagnósticos implícitos, jargões ou rótulos vagos.
- Armazenar dados sem criptografia/controle de acesso.
Conclusão
Ética e aliança não competem; se reforçam. Na TCC, a neutralidade profissional cria um terreno confiável onde a empatia e a colaboração tornam as intervenções possíveis e sustentáveis.
Referências essenciais
- Beck, J. S. (2020). Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática.
- Norcross, J. C., & Wampold, B. E. (2011). Evidence-based therapy relationships.
- Conselho Federal de Psicologia (2005). Código de Ética Profissional do Psicólogo.
- CFP (2018). Resolução nº 11/2018 — Documentos psicológicos.
- Lei 13.709/2018 — LGPD.
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PSICÓLOGA E PSICOTERAPEUTA
– Pós-graduanda em Neuropsicologia – CBI of Miami
– Pós-graduanda em Hipnose Clínica – Instituto Lucas Naves
– Formação em Hipnoterapia – Instituto Brasileiro de Hipnose (IBH)
– Formação em Terapia dos Esquemas
– Formação em Terapia Trauma-Informed
– Supervisora de casos clínicos com foco em Terapia Cognitivo-Comportamental
– Atuação com ênfase em Neurociência Clínica aplicada à prática terapêutica
– Palestrante e escritora na área de saúde mental
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