A anamnese psicológica é um dos momentos mais relevantes do processo clínico. Ela orienta o plano terapêutico, ajuda na definição dos focos de intervenção e contribui para a identificação precoce de riscos. Com a chegada da Inteligência Artificial (IA), é possível aprimorar essa etapa — sem abrir mão do olhar clínico do psicólogo.
1. Questionários inteligentes: mais agilidade com profundidade
Ferramentas baseadas em IA permitem a criação de formulários adaptativos, que se ajustam conforme as respostas do paciente. Isso gera ganhos significativos para a triagem inicial:
- Maior relevância e profundidade nos dados coletados.
- Antecipação de hipóteses clínicas.
- Redução de ruído no preenchimento de prontuários.
2. Processamento de linguagem natural (NLP)
O NLP (Natural Language Processing) permite à IA identificar padrões linguísticos, como negativismo, evasão ou conteúdo de risco. Aplicações clínicas:
- Rastreamento de indicadores de sofrimento emocional.
- Identificação de temas que merecem atenção prioritária.
- Geração de relatórios automatizados para revisão profissional.
Atenção: o NLP não interpreta clinicamente. Ele apenas sinaliza padrões. A análise é sempre do psicólogo.
3. Preenchimento automatizado com revisão clínica
Sistemas modernos podem sugerir preenchimentos automáticos de parte da anamnese, com base nas informações coletadas. Quando bem aplicados:
- Padronizam a estrutura dos registros clínicos.
- Evitam lacunas e omissões recorrentes.
- Economizam tempo sem comprometer a qualidade.
O psicólogo deve revisar e validar cada entrada, mantendo a responsabilidade técnica conforme a Resolução CFP nº 11/2018.
4. Consentimento, transparência e LGPD
O uso de IA em triagem exige consentimento explícito do paciente. Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD):
- O paciente deve saber como os dados serão usados.
- Ferramentas devem garantir sigilo, segurança e acesso restrito.
- A decisão clínica final deve ser do psicólogo, não do algoritmo.
Conclusão
Quando bem implementada, a IA torna a triagem mais precisa e a anamnese mais eficiente. Mas seu uso exige supervisão técnica e ética rigorosa. O futuro da prática clínica passa por integrar o melhor da tecnologia ao melhor da escuta humana.
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PSICÓLOGO E PSICOTERAPEUTA
– Formação Psicologia PUC/SÃO PAULO – CRP 06/37062
– Pós Graduação – Saúde Mental na Atenção Primária em Saúde – Fac. Albert Einstein
– Avaliação Multidimensional Cognitivo e Emocional da Pessoa Idosa ( AMPI )
– Fronteiras do Envelhecimento – Fac. Albert Einstein
– Neuropsicologia da Memória – Fac. Albert Einstein
– Associação ABEPS – Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio